Acredito que o traço mais marcante no meu perfil, são as raízes familiares camponesas e carregar princípios desta identidade. Por isso, sinto grande dificuldade em conviver com a falta de princípios éticos, com o individualismo, a arrogância e o uso privado dos conhecimentos e recursos coletivos. A família camponesa mantém a solidariedade tão necessária aos grupos menos favorecidos economicamente, assim, partilha seus produtos, à exemplo da troca de sementes, conhecimentos, e, da ajuda mútua nos trabalhos necessários.
Mas, estaria sendo hipócrita, se não admitisse que percebo mudanças em mim, as quais fogem à lógica camponesa. Isto por que, no grupo de convívio, muito influenciado pela sociedade de consumo e de “capitalização de saberes e produções”, se passarmos algumas sementes, tal como o camponês, elas poderão ser patenteadas antes mesmo de serem semeadas.
Partilho com você, que visita este espaço, a resposta de Seu Vicente Barcelos, agricultor simples, sem a leitura escrita, mas de expressiva sabedoria. Quando ainda jovem, sabendo de sua sabedoria, perguntei-lhe, em que acreditava? Ele olhou com atenção, humildade, um sorriso calmo no rosto, a cabeça erguida e muita convicção, respondeu:
“Eu sou da lei católica da verdade.
Mentira, não.
Inconsciência, não.
Ser, sem parecer.
E amar ao próximo como a mim mesmo”.
( Vicente de Barcelos, agricultor, no RS, Brasil, faleceu com 101 anos).
Ele plantou um grande bosque de árvores nativas ao redor de sua casa, que atualmente é cercada pela monocultura da soja. Criou, com simplicidade e dignidade, sua família. Uma pessoa de valor, sem trabalhos publicados, currículo na Internet ou conta no banco. Um cidadão brasileiro como milhares de homens, mulheres e crianças, que reproduzem suas vidas através do trabalho minimamente remunerado, mas por ser agricultor, Seu Vicente de Barcelos, não viajou na 2ª ou 3ª classe, como grande parte dos brasileiros.
Diante de tamanha humanidade, o que posso definir como “meu perfil”?
Mas, estaria sendo hipócrita, se não admitisse que percebo mudanças em mim, as quais fogem à lógica camponesa. Isto por que, no grupo de convívio, muito influenciado pela sociedade de consumo e de “capitalização de saberes e produções”, se passarmos algumas sementes, tal como o camponês, elas poderão ser patenteadas antes mesmo de serem semeadas.
Partilho com você, que visita este espaço, a resposta de Seu Vicente Barcelos, agricultor simples, sem a leitura escrita, mas de expressiva sabedoria. Quando ainda jovem, sabendo de sua sabedoria, perguntei-lhe, em que acreditava? Ele olhou com atenção, humildade, um sorriso calmo no rosto, a cabeça erguida e muita convicção, respondeu:
“Eu sou da lei católica da verdade.
Mentira, não.
Inconsciência, não.
Ser, sem parecer.
E amar ao próximo como a mim mesmo”.
Ele plantou um grande bosque de árvores nativas ao redor de sua casa, que atualmente é cercada pela monocultura da soja. Criou, com simplicidade e dignidade, sua família. Uma pessoa de valor, sem trabalhos publicados, currículo na Internet ou conta no banco. Um cidadão brasileiro como milhares de homens, mulheres e crianças, que reproduzem suas vidas através do trabalho minimamente remunerado, mas por ser agricultor, Seu Vicente de Barcelos, não viajou na 2ª ou 3ª classe, como grande parte dos brasileiros.
Diante de tamanha humanidade, o que posso definir como “meu perfil”?